14.2.11

Com a Palavra: COSME ELIAS FUNDADOR DO BATUQUE DE BAMBA


Como nasceram os bambas



No ano de 2004 eu participava de um grupo de samba e choro, então precisávamos de algum lugar para tocar, foi quando nos foi aberta as portas do bloco Boêmios do Senado. A partir daí começamos a fazer algumas rodas de samba e choro, muito timidamente e com a participação de apenas dos amigos, começamos a descobrir um universo bem diferente do que até então vivenciávamos, o das escolas de samba, mesmo sendo do universo do samba, há que ressaltar que o ambiente das agremiações e das rodas, principalmente do samba de raiz das décadas de 1990 e posteriores são totalmente distintos.
                O Boêmios do Senado, quando da nossa chegada, encontrava-se com dificuldades, seus membros se dispersaram, sua bateria já não mais existia e, apesar, de estar numa ótima localização, precisava reerguer das cinzas. Então tive a idéia de criar uma oficina de percussão, com dois motivos, aprender a tocar e formar uma bateria para o bloco. Baseado na metodologia do clube de choro de Juiz de Fora e suas oficinas, formamos numa quarta-feira em 11 de novembro de 2004 a nossa primeira aula, eram quase todos inexperientes. Um grupo formado por mim, mais Osmar, Luiz Fernando, Alexandre Jaloto, Hudson, Gunter (um alemão) e os mais experientes Luis do Tamborim Sensação, de onde nós começamos a dar nosso primeiro toque nesse universo, B.A. (Ednilson Pinajés), fundador e presidente do Boêmios da Senado e o Carlinhos (baterista profissional que toca na noite da Lapa).
                O modelo de oficina era, como no clube do choro de Juiz Fora, baseado na idéia de ser uma aula sem professor, onde cada um passava sua experiência e assim, iríamos formar nossa bateria. Mas com o tempo, a chegada de novos membros, e naturalmente com algumas pessoas assumindo novas responsabilidades, surgiram as lideranças e professores. Posso dizer que o grupo passou por diversos problemas, não foi fácil construir esse sonho, as tentativas de destruir nosso trabalho foram muitas, mas como em todos os setores da vida, tem sempre alguém que chega nessas horas e a força das boas idéias prevalecem sobre os pusilânimes, foi quando o Leandro resolveu a tomar parte definitiva no projeto.
                Posso dizer com toda a segurança, que a minha intenção em 2005 era encerrar a oficina, voltar para as minhas atividades normais do samba, sem a responsabilidade de responder por um grupo, mas a determinação, a vontade com que abraçou a causa, me fez crer, que o nosso sonho merecia uma segunda chance. Então no renascimento da oficina, a força com que retomou foi dobrada, havia dias que existia um aluno ou dois, mas não deixávamos de ter aula. Já no final de 2005 a oficina de percussão do Boêmios do Senado estava consolidada, mas o destino me trouxera novamente para Minas Gerais e era preciso deixar o meu anel de bamba para que outro assumisse.
                Fizemos uma reunião no bar da esquina da Tenente Possolo com Henrique Valadares, depois fomos à quadra da Vizinha Faladeira, apesar de uma grande convocação, estavam lá apenas o Thiago e o Leandro. Decidimos que o Leandro iria assumir os rumos da oficina. Estava encerrada ali a minha participação, segui outros caminhos, fundei outro projeto e outras duas baterias. Queríamos muito que a nossa bateria fosse composta não só de ritmistas, mas de amigos de fato, de alegria, de espontaneidade, que o ambiente fosse aberto para quem quisesse participar, uma bateria democrática que abrigasse não só os grandes músicos, como aqueles que, mesmo sem levar muito talento, pudessem fazer parte, sem estrelismos e brilhantismos, sem arrogâncias, onde o grande astro seria o samba. A partir daí, a história não pode ser mais contada por mim, mas pelos sucessores que, tais quais seus fundares, também enfrentaram todo tipo de agruras para que o projeto se perpetuasse, isso é o mais importante, a renovação, uma nova geração surgiu e o resultado brilhante está nas escolas e nos blocos, abrilhantando o nosso carnaval.

                                                                                                                                                            
                                                                                                                                                             Cosme Elias

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